sexta-feira, 11 de junho de 2010

Favo de Abelha

É debaixo desta espécie de escamas no ventre da abelha que sai a cera e eu ainda não consegui fotografar nenhuma no acto em parte porque nessa altura as abelhas estão agarradas umas às outra formando um cacho e é muito difícil apanhar a cera a sair.
A cera é depois removida e trabalhada com as mandíbulas para construir o favo.


Como disse antes, aqui estão elas de "patas dadas" e surpresas por terem sido interrompidas.
É um sinal dos tempos já não haver respeito por quem trabalha.


Aqui dá impressão que o apicultor, para além de andar a poupar na cera moldada, também anda a poupar nos arames!
Isto é que vai uma crise!


Pormenor do canto superior direito do quadro na foto anterior onde mais uma vez estão a construir favo.


O favo nem sempre é começado num só ponto e nem sempre tem uma geometria perfeita.
Onde se encontram os favos e nas intersecções de zonas de criação de obreiras com criação de zangãos, ou com alvéolos de mel, as abelhas são obrigadas a dar um jeitinho e muitas vezes mandam à fava o desenho em "Y" do fundo dos alvéolos, de tal maneira que o próprio Michael Housel, que foi quem traduziu do abelhês esta teoria, se sentiria frustrado.
Acho que isto tem a ver com o sentido de economia da abelha que não desperdiça nada, nem espaço.
Ou se calhar são abelhas que não sabem ler nem escrever ou vivem pela máxima de um professor que tive, que tinha em cima do piano um quadro com o escrito:
"Se eu soubesse ler era analfabeto".


Desde que a colmeia esteja bem nivelada é notável a capacidade que têm para incrustar o favo nos arames, um mistério para mim, e muito superior a qualquer método ou técnica humana. Com elas parece-me que não acontece tanto a falta postura na linha dos arames de que falei aqui há uns tempos (Subir aos Arames).
Às vezes enquanto umas andam a construir de uma maneira, as outras andam com outra medida mas no fim encontram-se e corre tudo bem como na foto em cima em que as da esquerda andaram a construir alvéolos de obreira e as da direita de zangãos. Provavelmente isto passou-se em fases diferentes do desenvolvimento da colónia e por as mais variadas razões houve necessidade de aumentar o numero de zangãos.


O mesmo quadro que na foto anterior mas do outro lado e mais à frente no tempo, claro.
Pondo de parte a questão dos arames que é até um pouco "leve", é sempre bom sinal ver tão poucas falhas de criação num favo. Eu encaro-o como um indicador de saúde e boa genética da rainha!
O borrão no lado esquerdo da foto não são abelhas que desejaram permanecer incógnitas mas sim o própolis que é inevitável que se agarre a tudo.
Ao longo desse dia tirei muitas fotos e andei o dia todo sem reparar que tinha essa mancha na objectiva. Tanta foto estragada!


Às vezes os favos tomam formas um pouco estranhas!


Este devia estar num museu! ; )

6 comentários:

  1. Lindas fotos, e mais uma lição, assim ao natural fica bem melhor, esse quadro com o arame enviozado ficava bem nas narrações do amigo Pífano.
    abraço
    Ferradela

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  2. hehe...
    Houve um percalço ao esticar o arame (partiu) e depois teve que se improvisar.

    :)
    Um abraço

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  3. Fotos optimas Ricardo, parabéns
    Esta última então é uma composição fantástica!!!
    Tou a ver que também desencantaste uns mistérios apícolas pela tua região... De facto são tantos que já mereciam um capítulo no livro da apicultura
    Abraços
    Pifano

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  4. Obrigado amigo Pifano!
    Estas ultimas são de um tronco de castanheiro que, embora me desse um prazer especial ver as abelhas a entrar e sair e a viver dentro desse tronco, vi-me obrigado a tira-las de lá pelas dificuldades que representavam os tratamentos da varroa.
    Um dia destes já ponho mais fotos destas abelhas no tronco!

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  5. ola
    Sou novo nestas andanças de abelhas, e ensinaram-m que os quadros deveriam ir para as colmeis sempre com sera moldada,
    mas aqui vê-se a abelhas a construírem os seus próprios favos.
    a minha pergunta é, as abelhas assim não tem o perigo de ir construir os favos de maneira diferente, quer dizer atravessados?
    joaolcn@sapo.pt

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  6. Olá João,
    Como é óbvio, a folha de cera é uma segurança quanto a esse aspecto de evitar favos atravessados, mas seguindo algumas regras penso que se consegue que os favos saiam direitos, embora isso não seja tão prático como o uso de folhas de cera moldada.
    Ajuda dar as abelhas uma indicação onde hão-de fazer o favo e isso pode-se fazer com uma tira de cera derretida (http://abelhapreguicosa.blogspot.com/2011/04/um-bom-inicio-de-favo.html), ou utilizando mesmo tiras de folha de cera moldada.
    Outra coisa que se deve ter em conta é que a colmeia deve estar bem nivelada, para que o favo não saia torto na travessa/quadro.
    Por ultimo ter em atenção a orientação da colmeia em relação ao norte magnético, embora este ponto seja discutível. Para mim e na experiência que tive até agora, a colmeia deverá estar orientada entre 20º a 25º à esquerda do eixo norte-sul, mas há várias teorias acerca disto, Eu até agora tenho confirmado sempre este ângulo de vinte e poucos graus mas admito que possam haver situações diferentes.
    Instalei esta semana um enxame numa colmeia sem quadros (só com tábuas), que está orientada desta maneira e em breve irei falar sobre isso aqui, não tenho tido tempo...
    Tenho também uma outra colmeia horizontal e um ninho lusitano onde elas até agora estão a construir os favos de acordo com os quadros por isso...
    Nada como experimentar para ficar a saber melhor! ;-)

    Mas a questão da folha de cera vai para além do facto do favo se atravessar ou não nos quadros...

    Um Abraço
    Ricardo

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